Páginas

Mostrando postagens com marcador primeiro passo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador primeiro passo. Mostrar todas as postagens

sábado, 27 de abril de 2019

Desabafo de um familiar


Já faz algum tempo que recebi esta mensagem. Trata-se de um desabafo de um familiar.


Mesmo na sobriedade, falta alguma honestidade no adicto.
Isso me faz pensar se não há algum "defeito" interno nele.
Quero dizer, ele está pensando em comemorar aniversário de sobriedade. No entanto, teve uma recaída e não foi limpo por um ano, apenas cerca de 4 meses.

Eu sei que é uma coisa pequena, mas é típico da desonestidade.
Ele não parece ser capaz de admitir sua impotência em relação aos medicamentos.
E continua a culpar os outros por suas recaídas.

Eu sei que é a sua recuperação, não a minha, e que ele terá que descobrir a necessidade de integridade por conta própria.
Eu sou grato por ele estar limpo e em casa. Mas nem sempre é fácil manter o foco em mim quando estou diante de tais afirmações enganosas terríveis.
Algo que eu tenho que aprender, eu acho.
Eu me pergunto se a mentira é tão arraigada que eles não sabem como ser honestos, mesmo em recuperação.
Como será que os outros lidam com a desonestidade inerente e incapacidade de confiar?

segunda-feira, 7 de março de 2016

A força do pensamento

"O pensamento é a energia da consciência. O pensamento cria a experiência de realidade e expressa a qualidade da alma.”

E parece que tem vida própria independente de nossa vontade.

Quando entramos na neurose de pensar nas possibilidades (e se estas são negativas) instala-se um processo de insanidade crescente, que vai tomando força e nos levando para um buraco sem  fim.

O fio de lucidez que ainda resta tenta me convencer do contrário, tenta buscar outras possibilidades ou a simples negação destas... mas é só um fiozinho... e não tem força.

A energia se esvai... porque esta força consome.


Só me resta praticar o primeiro passo (admitir minha impotência): assim como entregar tudo ao meu PS (terceiro passo ): tentar mudar o pensamento de lugar...  e viver um dia de cada vez...

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Sarau2014

Nesta última quarta-feira, foi a última reunião do ano do nosso grupo.
Fizemos uma confraternização com  sarau.
Como não sou muito boa com estas coisas de apresentações artísticas, resolvi fazer um vídeo.
No vídeo do link abaixo, eu conto minha trajetória resumida na programação dos 12 passos.
PS. a música talvez tenha sido bloqueada por direitos autorais (lamento)

para os meus leitores que não dominam a língua portuguesa, vou descrever abaixo por ordem de imagem, cada frase colocada no vídeo.


1- Vou resumir a minha experiência:
2- antes de chegar à irmandade de 12 passos
3- estava vivendo mergulhada na dor, no caos e na insanidade
4- Passei por uma fase crítica... a sensação era que meu mundo estava se acabando
5- Fui dormir e fiz algo que raramente fazia....
     Pedi a Deus que iluminasse o meu caminho e que me mostrasse a direção
6- Eu estava, sem saber, entregando minha vontade e minhas angústias
7- O Poder Superior agiu...
8- No dia seguinte, acordei com o pensamento fixo em encontrar um grupo de ajuda. E encontei!
9- E assim... dei meus Primeiros Passos
10- Impotência
11- Fé
12- Aceitação e Entrega
13- admitir-me impotente..., não foi algo tranquilo
       a sensação era de derrota no início
14- Mas quando concebi minha impotência perante minhas emoções e perante o outro
      o resultado foi uma sensação de humildade que me trouxe muito alívio
15- E então... o ciclo se fechou
16- Admiti minha impotência
        Acreditei em um Poder Superior
        E entreguei à Ele tudo o que me era difícil
17- E continuei voltando...
18- O obscuro se tornando clareza. O medo dando lugar ao conforto. E o que era insano retomando seu equilíbrio
19- Não foi... e não é simples... É lento, doloroso, difícil.
20- mas depois... com a aceitação é como boiar... O peso some do corpo, do pensamento, do sentimento.
       A resistência do início, dá lugar à consciência.   
       Mas somente quando esta consciência se fundiu com o sentimento, é que entendi, de fato, o quanto fiquei livre.
21- e atualmente... só tenho um desejo
22- Tornar-me cada vez melhor espiritualmente
23-E só por hoje, continuo a minha caminhada
24- com voces!!!!  Nesta irmandade que encontrei quando estava pirando nesse processo.
25- E aprendi sobre o AMOR
26- A dor? acho que desaparecendo...
27- Só tenho a agradecer, pois nesse processo todo, sei que a caminhada só está começando...
28- mas só preciso me ocupar com o dia de hoje... e dar um passo de cada vez
29- Deixo aqui a minha gratidão que é eterna
30- ao  Poder Superior
31- a esta nova irmandade que conheci
32- A cada um de vocês que faz essa sala acontecer
33- A cada um que me acolheu com amor

34- Meus sinceros votos de Boas Festas. Um ano novo repleto de paz e serenidade do qual pretendo estar aqui com cada um de vocês!!  Muito Obrigada!!

EIS O VÍDEO:


Os grifos - referem-se a alteração em relação ao vídeo original apresentado, por repeito a décima segunda tradição.



sábado, 19 de julho de 2014

Passaporte para a Liberdade

Passaporte para a Liberdade é o título do folheto lido na última reunião e que me fez repensar tantas coisas...
Sempre acreditei que tudo é muito relativo.
E alguns temas são muito polêmicos.
A liberdade é um deles.

Liberdade significa o direito de agir segundo o seu livre arbítrio, de acordo com a própria vontade, desde que não prejudique outra pessoa, é a sensação de estar livre e não depender de ninguém. Liberdade é também um conjunto de idéias liberais e dos direitos de cada cidadão.( http://www.significados.com.br/liberdade/)

Na verdade, liberdade pode significar tanta coisa.
Semana passada na reunião, ouvindo essa leitura, só pude contextualizar que ganhei o passaporte para a liberdade, primeiramente chegando ao grupo doze passos, sendo acolhida com amor e compaixão e tendo a sensação de que não estava sozinha.

Depois, a consciência dos três primeiros passos.
- admitir a impotência diante de tudo que está fora de mim
- acreditar que existe um poder superior a tudo e todos
- entregar a este poder superior tudo aquilo que está fora do meu controle e do meu alcance.

Esses três passos nos tira da ilusão de que podemos controlar o outro e nos trás um alivio de um peso muito grande. “Começamos a descobrir a liberdade e o poder que possuímos – de definir e viver nossas próprias vidas. (Os Caminhos para a Recuperação)

Daí em diante... tudo foi uma questão de tempo, de continuar voltando e de praticar a programação.

Após receber este passaporte, só posso concluir que a minha liberdade é a minha consciência de mim mesma, de minhas possibilidades e de minhas limitações.
É a consciência e aceitação de minhas responsabilidades pessoais.
De olhar para o outro e vê-lo como é sem querer mudá-lo.

A preocupação com o que o outro diz ou pensa a meu respeito, perde a importância.
Porque a programação trás essa consciência de liberdade que não precisamos justificar o que falamos ou fazemos.

Aprendemos a cuidar melhor de nós mesmos e a manter relacionamentos saudáveis em todos os setores de nossas vidas.

Então é isso.
Viva a liberdade!! A paz e a serenidade que conquistamos...

Um dia de cada vez..

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Por que... Um passo de cada vez?

Em breve estarei comemorando 3 anos de blog e, só por hoje, comemoro algumas 24 horas de conhecimento da programação dos 12 passos...
E nesse período tenho me perguntado algumas vezes... Por que Um passo de cada vez??

Quando conheci a programação e me motivei a iniciar este blog, eu tinha uma série de informações novas martelando em minha mente.
Eram tantos passos, tantos lemas, tantas tradições e conceitos...
E eu, no auge da impaciência de minha doença, como já disse antes, queria assimilar tudo tão depressa, acreditando que bastava, para entender, crescer e seguir.

E fiquei pensando em diversos títulos para colocar no blog.

Podia ter sido um dos lemas – acho-os tão maravilhosos em sua essência.
Podia ter sido algo relativo a minha historia pessoal.

Mas... os passos, os conceitos e as tradições são doze.
Os lemas são vários... eu não conseguia escolher... porque cada um deles e, todos eles, tem um significado e uma importância muito peculiar.

Enfim... como a idéia é começar pelo primeiro passo para seguir em frente, e alguns lemas sugeridos (um dia de cada vez e só por hoje) me pareciam tão extensos para o momento que eu vivia... cheguei a essa conclusão...

Posso dar um passo... e começar pelo primeiro passo.
E se um dia é muito longo para eu me ater às coisas que, realmente, são importantes, então, dentro desse dia, posso dar vários passos... e é claro, um de cada vez.

Porque pensem:
Mesmo decidindo correr... não corremos com os dois pés juntos, simultaneamente.
A ideia é acelerar os passos, Mas mesmo num ritmo mais acelerado, é um passo depois do outro.

A vida é assim.

Desde o nascimento, passamos por etapas. Não nascemos andando.

O que ocorre, é um desaprender da lei natural da vida.
É um querer acelerar. Como se fosse possível.
Às vezes até temos a ilusão de que é. Mas não.

Aprender a dar um passo de cada vez, tem-me permitido experiências e aprendizados maravilhosos.
Somente quem vive a programação sabe do que estou falando.

Então é isso... simplesmente assim... um passo após o outro. E a retomada deles sempre que necessário.

sábado, 22 de junho de 2013

Refletindo sobre os Doze Passos

Nar-anon ou um grupo de doze passos faz-nos concentrarmos mais em nós mesmos...

Os passos começam a nos influenciar quando temos certeza de que estamos seguros e bem e quando percebemos que não podemos consertar o outro. Passamos a ter certeza que tentar fazer isso só vai nos levar à frustração e conflito.

As soluções vêm quando percebemos claramente sobre o que somos e não somos responsáveis.  
E quando percebemos que o universo (Deus) tem as respostas.

A resposta é simples: não se perder a si mesmo e não deixar que as fortes oscilações (nossas ou do meio) possam nos afetar.
E enquanto estivermos dispostos a ser honestos, conseguimos ficar bem.

As etapas e os doze passos continuam sendo uma forma de ficar melhor.
O que eu tive que aprender foi a diferença entre a minha parte e a parte do outro na coisa toda.
Enquanto eu não percebia isso, ficava atormentada.

E começar por admitir que somos impotentes perante o outro é o primeiro passo.
Em seguida, reconhecer que tentar controlar ou modificar o outro coloca nossa vida fora do equilíbrio é a essência do Passo Dois, assim como, reconhecer que precisamos de um Poder Superior para ajudar-nos a encontrar o equilíbrio novamente.
No Passo Três começamos a nos concentrar no que é bom em nossa vida, para perceber que há boas coisas sobre as quais podemos reconstruir nossa vida.

E o que fica é a gratidão por essas coisas, apesar de não negarmos a dor. E podemos oferecer tudo, bom e mau, para um Poder Superior em quem podemos confiar.  

São apenas alguns pensamentos do dia.

E seja lá o que eu fizer, sei que não estarei sozinha.

sábado, 18 de maio de 2013

Aplicando os passos em outras áreas


Se alguém duvida que o estudo de doze passos não se aplica a toda a vida de um modo geral... vou contar a minha aflição.

Primeiro Passo - devo admitir que sou impotente diante do crescimento de minha filha adolescente. Diante de suas rebeldias e crise típicas da idade.

Ela já saiu outras vezes, mas sempre em companhia de pessoas da família.
Hoje, pela primeira vez, ela saiu sozinha. Eu a deixei no shopping às 13:00hs. Foi encontrar-se com o namorado e iam ao cinema.

18:00hs – nenhuma noticia. Nenhum telefonema.
Sim, eu já estava à beira da loucura.

Segundo Passo – Preciso acreditar que um Poder superior a mim mesma, pode me devolver a minha sanidade.
(afinal, ela só está no shopping, com outro adolescente e eu não preciso enlouquecer por isso)

Mas como é difícil, essa mania de controlar, de querer ser Deus, de querer proteger sob qualquer circunstancia. Como se tivéssemos esse poder.

Espero até 18:30hs. Conto minuto a minuto. Se não me ligar, eu ligo.
Pronto. 18:30hs, ligo e nada. Decido então, ligar pro celular do namorado. Nada.

Terceiro Passo – Tomo a decisão de entregar a minha vontade e minha vida aos cuidados de Deus.

E faço a oração da serenidade.

Que mais posso fazer?
Preciso “entregar” a vida de minha filha aos cuidados Deus, pois Ele sabe o que faz e deve cuidar dela.
Eu posso fazer a minha parte, alguma coisa, mas não posso tudo.
E, nesse momento, devo pensar seriamente no lema: Viva e Deixe Viver.
Afinal, ela está nessa fase. Descobrindo a vida. E eu, não posso e não devo interferir de maneira negativa.
Devo acompanhar, orientar e acreditar.

É.
Como eu disse no post anterior – a caminhada só está começando... Sempre. Porque vivemos só por hoje.

E enquanto eu estava escrevendo esse post, ela me ligou. E está bem. Feliz.

Rsss... Só por Deus! Para nos tirar da aflição e nos ajudar a deixar que Ele tome conta.
Porque nós, não temos esse poder!
Graças a Deus!




domingo, 14 de abril de 2013

Desligamento


Como distanciar-se e desligar-se daquele que se ama?

Essa é uma das maiores dificuldades de uma mãe/pai, marido/mulher, irmão/Irma – na relação com uma pessoa vítima da adicção.

Desapego requer prática. Precisa-se apenas continuar tentando. É tudo o que se pode fazer.
Eu sei, é muito mais fácil dizer do que fazer!
Manter a distância emocional e não esperar nada, na maioria das vezes é simplesmente muito difícil.

Não se pode simplesmente ligar e desligar o corpo. É necessário ajustar com o tempo e a experiência.

O desapego não pode ser falsificado.
Isso acontece lentamente, à medida que se aprende mais e mais sobre como ser impotente diante de qualquer pessoa ou situação externa a nós mesmos.
Acontece quando se obtém maior serenidade em nossas próprias vidas.
Quando se reconhece que não estamos ligados simbioticamente a ninguém e a nada.
Trata-se de reconhecer o direito do outro de tomar suas próprias decisões, quer gostemos ou não.
O desapego se faz quando se compreende plenamente que nossas obsessões estão nos prejudicando.

Não se trata de não se importar. Trata-se apenas de ter consciência que não se pode controlar o que os outros fazem.
Pois Tentar mudar alguém é um exercício extremamente frustrante e exaustivo.
Com o desligamento aprendemos a cuidar de nós mesmos em primeiro lugar, assim podemos ter uma visão melhor sobre o que podemos e o que não podemos fazer.
Não é que nós não podemos fazer nada, é que tentar empurrar as coisas, não funciona.

É irônico, mas amar qualquer pessoa envolve permitir que esta pessoa cometa seus próprios erros e assuma a responsabilidade por eles. 
Se o outro decide por destruir-se, não podemos deixar que isso nos destrua. E eu sei, é difícil de assistir.
Isso não significa que nós aprovamos, significa apenas que nós entendemos que o outro pode não saber como fazer algo diferente do que está fazendo.

Cada um tem de trilhar seu próprio caminho.
Pisar no caminho do outro, tentar pegá-lo ou levá-lo no colo, é inútil para ambos.
O outro precisa experimentar a dor dos seus atos - assim como nós.
A questão é que não podemos ajudar alguém que não está pronto para ajudar a si mesmo.
E manter em mente os 3 C's é fundamental nessa prática - Eu não Causei, não posso Controlar e não posso Curar.
Perceber-se impotente sem sentir-se desamparado.

O programa doze Passos é uma programação individual para cada um de nós, e não para o outro.
O passo dois fala sobre acreditar que um poder maior do que eu possa restaurar-me à sanidade. Não a do outro, mas a minha.
Por isso, devemos colocar-nos, nós mesmos e o outro, aos cuidados de algo maior que todos nós.
Esses três primeiros passos mantém nossa sanidade.
E assim, aprendemos a lidar com a dificuldade e a cuidar de nossa própria vida.
E aprendemos que o outro tem o direito de fazer suas próprias escolhas. Porque é a sua decisão, não a nossa.
.
E essas são apenas algumas idéias de como o desligamento acontece, em minha opinião.
E como diz nossa programação, pegue o que for importante, e deixe o resto.

domingo, 31 de março de 2013

Passos lentos


Tenho andado em círculo nos três primeiros passos da programação.

1- Admito-me impotente diante de tudo que está fora de mim.
2- Acredito que um poder maior pode manter a minha sanidade.
3- Entrego minha vontade e minha vida a esse poder maior.

E estanquei nisso.

Por isso às vezes, fico congelada, ao que parece, na inação.

Tudo o que eu realmente posso fazer é trabalhar os passos um a um e mantê-los em foco, sem pressa ou sobressaltos.
As respostas virão a partir desse processo. Vou descobrir isso para conseguir seguir adiante.

Imaginei que discorreria pelos doze passos fácil e rapidamente, meio que a passos largos...

Hoje sei que não é assim que funciona, e confesso, estou definitivamente em passos lentos.

Estou aprendendo tudo de novo.

A vida prospera em drama. O melhor que posso fazer (a primeira talvez) é deixar de ser parte do drama.

E tento apenas compartilhar minhas experiências, pois isso funciona para mim.

Eu sei que aprender a gerir os meus próprios medos, acreditar e entregar são fundamentais para esse processo.

Eu só preciso achar o caminho. E depois... não sair dele!

Desejo a vocês uma linda semana e um ótimo inicio de mês!

quarta-feira, 27 de março de 2013

O Príncipe e o Sapo


Ouvi uma história que me impressionou, e fiquei dias pensando nela.
Resolvi editá-la em forma de parábola, usando os nomes fictícios João e Maria, em respeito à tradição do anonimato.

Maria contou...

... Que alguns anos atrás, conhecera um homem. Ele era simples e comum, pois no primeiro momento, nada de especial podia ser visto nele. Aos poucos, no dia-a-dia da convivência passou a vê-lo como um príncipe que, em tudo, se mostrava nobre e belo.

Depois de algum tempo, Maria percebeu um fato estranho: - João simplesmente desaparecia de vez em quando. E mais algum tempo depois, soube o motivo: - Ele era adicto. E o seu desaparecimento indicava que tivera uma recaída no uso.

Maria conta que, nesse início, não entendia muito bem o que era a adicção. Mas percebia inconscientemente que João, de príncipe, transformava-se em sapo.

Quando voltava, após seus desaparecimentos, João ainda apresentava traços de sapo. A transformação acontecia lentamente e, aos poucos, o príncipe estava lá de volta, inteiro e lindo.

Mas essa transformação acontecia também no sentido contrário.. O príncipe, de repente, mostrava sinais que indicavam que logo, muito logo, ele se tornaria um sapo novamente.
E isso aconteceu por alguns anos. Ora príncipe, ora sapo.
Maria odiava o sapo. Amava o príncipe. E ambos residiam na mesma pessoa.

Seu desejo era ter João como príncipe eternamente ao seu lado. Mas isto, não dependia dela, pois a decisão de se transformar (ou não) em sapo, cabia somente a ele.

O seu príncipe estava nos sonhos, no passado, no desejo. E o que se manifestava, cada vez mais freqüentemente, era o sapo, feio, incomunicável, irracional.

A transformação acontecia de forma progressiva, lenta e determinante.

Um dia qualquer João desapareceu. Maria sabia que era, mais uma vez, o sapo prevalecendo. O que ela não sabia é que aquela transformação seria a última.

Ele voltou sim. Mas voltou sapo. Não apresentava mais, nenhum indício de que o príncipe pudesse estar ali.
João voltara, somente para mostrar, que o príncipe tinha ficado no pântano.

Maria então abriu a porta e deixou o sapo partir.
Ela sabia que o príncipe estava lá e que estava indo junto.
Mas essa decisão, de ser príncipe ou sapo, de ficar ou ir, era só dele!!


Não vou comentar muito. Existem muitas reflexões a serem tiradas dessa história. 
Para mim, entre outras tão importantes quanto, fica:
o lema: Viva e deixe viver , 
o primeiro passo: Admitir-se impotente 
e uma reflexão sobre “desapego” 

Beijos e um feriado cheio de chocolates!! Feliz Páscoa!!

domingo, 18 de novembro de 2012

O primeiro passo e a Impotência


Num primeiro momento, admitir-se impotente..., não foi algo tranqüilo para mim.
Trata-se de um sentimento ruim, considerando seu significado real – “falta de forças, incapacidade” e que por si só, é um significado que causa resistência para admitir e, muito incômodo.

Afinal, quem gosta de sentir-se incapaz? Se a nossa sociedade nos educa de uma forma em que prevalece a força, a vitória e o sucesso?

Mas como tudo nessa vida... o que eu precisava conceber era o contexto.

Quando eu insiro o sentimento de impotência no contexto do primeiro passo – “Admito ser impotente perante...” – o outro, perante tudo que está fora de mim –
- o que sinto de fato é uma sensação de humildade de ser pequena e incapaz. É. Incapaz sim, de querer ou tentar modificar o outro.

Este desconforto de admitir está no plano da consciência. Ainda é o racional prevalecendo.
Quando sigo para o segundo e terceiro passo – e busco um poder superior a mim... E, entrego minha vontade e minha vida aos cuidados desse Poder superior...  – ser impotente deixa de ser desconfortável.

Torna-se um novo modo de viver.

Uma forma de viver mais tranqüila em que, percebo que só posso cuidar de mim mesma, acreditando que não estou só, e acreditando que cada um pode cuidar de si mesmo também acompanhado por um poder maior.

Esse Poder Superior é pessoal para cada um, conforme suas crenças.

Para mim é Deus...  E para quem não acredita em Deus,


ð                           pode ser uma energia,
ð                           uma força da natureza,
ð                           um pensamento positivo,
ð                           o próprio universo.
ð                           Pode ser “N” coisas
O importante é que esse poder maior tenha a influencia sobre nossa percepção de nossa própria limitação e nos traga pensamentos bons, entre outras coisas maravilhosas.

Eu penso que para compreender de fato, esses três primeiros passos, é preciso estar mergulhado na mais profunda dor, no caos, na insanidade de não sabermos mais quem somos e quem é o outro.
Comigo foi assim...
E precisei me dar conta que não sabia mais o que fazer, pois o que tentei (e penso que tentei tudo que podia) não funcionou.

É nesse momento, de fragilidade, de impotência (que ainda nem sabemos do que) que ao encontrar um grupo de doze passos, tudo se torna mais claro.

E essa clareza vai chegando aos poucos.
E o que era medo dá lugar ao conforto.
E o que era dúvida, dá lugar à certeza.
E o que era insano, retoma seu equilíbrio.

Não é simples... É lento, doloroso e difícil.
Mas é como boiar em cima d’água... Fica-se leve e deixa-se a maré te levar...
O peso do corpo some, e nesse caso, qualquer peso diminui.

A resistência do inicio, dá lugar à consciência.
Mas somente quando essa consciência se fundiu com o sentimento – é que entendi de fato o quanto fiquei livre...

E o quanto tento me manter livre...
Um dia de cada vez!

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Carta aberta para um adolescente


Ninguém usa porque gosta!
Ou por solidão, tristeza, amargura,
ou por desespero, problemas,
ou até mesmo por seguir um outro que usa

Não faz bem.
Você se acostuma com a idéia que fica feliz, mas não fica.
Você perde o seu verdadeiro "eu"
e assume um novo caráter que está longe de ser o seu.

Maltrata a si próprio e aos que o ama
Torna-se egoísta, ao procurar dessa forma, apenas a sua felicidade
esquecendo que os outros também querem ser felizes
e não o são por sua causa
porque a sua vida tem "algum" significado para "alguem"

Você perde o seu raciocínio lógico
e faz com que "esse alguém" fique atordoado.

Consegue compreender?
ou é necessário que te implorem para parar de "tentar"ser feliz
e o seja naturalmente.

Tornou-se natural ver pessoas que "tentam"ser felizes,
mas quando essas pessoas ficam próximas e deixam de ser qualquer um
torna-se difícil observar como um mero espectador.

Percebe que você não é qualquer pessoa?
Você é ALGUÉM que "tentando"ser feliz destrói a felicidade dos que o ama.
 Seja feliz! Sem "tentar". Apenas seja!

Escrita em 30/01/1987 por mim para um adolescente de 15anos (identidade preservada)
Hoje, 25 anos depois, sei que é uma pedido em vão.
Sei que a adicção é uma doença e que não se pede para um adicto mudar suas escolhas, pois além de não funcionar, tende a piorar.
Hoje eu trocaria o "tentar ser feliz" por "busca de prazer" - que na verdade, não muda o sentido do que eu pretendia dizer.
Hoje eu sei, que aqueles que amam um adicto, se não são felizes, é porque também sofrem de uma doença - dependência emocional, co-dependência...
Hoje, conhecendo a oração da serenidade, sei que existem coisas que não posso modificar (as escolhas do outro) e outras, que posso modificar (as minhas escolhas) .
E com essa carta aberta, refletida hoje, me flagro pensando em escrever sobre o primeiro passo "admitimos que éramos impotentes..." e não quero me restringir a um grupo específico, pois ao estudar os 12 passos, percebo uma amplitude da idéias para todas as esferas da vida.
Pedro Moraes Victor Filho - Consultor em dependência - retrata bem essa amplitude em http://adroga.casadia.org/recuperacao/12_passos_na_recuperacao.htm quando diz: "Admitimos que éramos impotentes perante o álcool/ adicção/ pessoas, que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas."

Assim, fecho a iniciação do primeiro passo, interpretando a mensagem de Pedro M. V. Filho, de que somos impotentes diante de tudo que esteja fora de nós e que nosso único controle está em nós, sobre nós mesmos.




quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O Primeiro Passo e a Fé

Antes de frequentar o grupo de 12 passos, eu não frequentava nenhum tipo de grupo religioso. Mas quando perguntavam para mim, se eu tinha fé. Eu respondia que "acreditava em Deus".

Nas reuniões dos 12 passos, passei a ter um contato diferente comigo mesma e com a minha fé.
Percebi que o que eu achava que era fé, era somente um mero pensamento superficial de acreditar em uma força superior, sem me envolver diretamente com aquele sentimento.

Ao me deparar com o primeiro passo: "Admitimos que somos impotentes..." percebia em mim, inicialmente, uma sensação de desconforto. Era muito ruim admitir ser impotente.

Mas depois, lendo, ouvindo partilhas, refletindo... comecei a ter uma sensação de alívio. Porque ao admitir que sou impotente diante das pessoas, das coisas... , e ao mesmo tempo, exercitando minha fé e acreditando em um poder superior, eu estou transferindo para esse Poder Superior, uma responsabilidade que eu tinha como minha.

Dessa forma, a sensação que inicialmente era de desconforto, passa a ser de alívio. Porque me conscientizo que nem tudo está sob meu controle. e que essa tarefa, de ser responsável por tudo não é minha.

Preciso me lembrar, todos os dias, que não sou Deus,
preciso me lembrar, todos os dias, que sou impotente e que não tenho o controle das coisas nas minhas mãos,
Preciso me lembrar que só tenho o controle sobre mim mesma (e olhe lá... rs)!

Preciso! Porque o resultado dessa consciência é o alívio.
É uma relação direta com Deus! E essa, é a verdadeira fé!
O sentimento de que comando a minha vida, sob a proteção de um Ser Superior, e Este, cuida das outras coisas.

E assim, eu consigo dar um passo para o segundo passo: "Acreditar que um Poder Superior a mim mesma pode me devolve a sanidade" e a tranquilidade, e o alívio de viver um dia de cada vez... dando um passo de cada vez!

Obrigada!