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sexta-feira, 25 de março de 2016

Desapego II

Uma revisão sobre Desapego:
em vídeo, com descrição abaixo.



ü Permitir que pessoas, lugares ou coisas tenham a liberdade de serem eles mesmos.

ü Conter a necessidade de resgatar uma pessoa de estar doente, disfuncional ou irracional.

ü Aceitar que não se pode mudar ou controlar uma pessoa, lugar ou coisa.
ü Manter uma distância segura de quem já teve o poder de afetar a sua vida emocional.

ü Estabelecendo limites emocionais com as pessoas que indicam riscos.
ü Sentir-se livre com os próprios sentimentos mesmo que outra pessoa cometa erros,
ü sem sentir culpa ou responsabilidade por isso.

ü Capacidade de manter um vínculo emocional de amor e carinho,
ü sem os resultados negativos de resgate, fixação ou controle.

ü Colocação de todas as coisas em uma perspectiva saudável, racional.

ü Capacidade de exercer autoproteção para não experimentar devastação emocional.

ü Conseguir "deixar ir" as pessoas que se ama.

ü Praticar o amor sem ceder a um pedido de salvação.

ü Permitir que as pessoas sejam quem "realmente são''

ü Capacidade de evitar ser ferido por pessoas.


ü O desapego é uma atitude que se aprende, a partir de muito treino.


sábado, 24 de maio de 2014

Diante de um adicto

Depois de alguns anos, “afastada” da realidade e convivência com a adicção, passei por uma experiência que, embora tenha me abalado, também mostrou que estou evoluindo na prática do desligamento.

Aconteceu no âmbito de trabalho.
Tive que lidar com uma situação de delito, ocorrida nas dependências de um cliente por um funcionário recém-contratado e em experiência.
Nesses vintes dias, até ocorrer o episódio, já tinham acontecido diversas situações de atraso e escassez de dinheiro.

Comportamentos um tanto quanto “estranhos” para um período de experiência que, somados a aparência e estado físico demonstravam claramente que havia algo errado.

Era um candidato promissor! Possuía todas as qualidades esperadas para o perfil – e essa expectativa velava os indicadores negativos.

Enfim, o episódio veio à tona. As cenas estavam gravadas e com elas as cortinas se abriram.
Estava lá eu, diante de um adicto, recém contratado e que tinha tudo para continuar na empresa.

Primeiro passo – liguei para o cliente para esclarecer e amenizar o episódio.
Em paralelo, todas as ações para localizar o envolvido.
O cliente surpreendeu a todos. Manteve as coisas separadas o que não afetou em nossas relações comerciais e ainda “deu uma lição de vida” para o nosso envolvido.

Segundo passo – resolver a relação do envolvido com a empresa.

A primeira parte era complicada por envolver relações com terceiros e aspectos financeiros. Mas era racional. Bastava usar de inteligência, comunicação, busca da compreensão (e fui muito felizarda) e assim, tudo se resolveu.

Esta segunda parte dependia de um equilíbrio entre o racional e o emocional.
E foi um teste para mim.

Desliguei o funcionário, sem abrir mão da entrevista de desligamento.
Fechei uma porta para ele – no meu papel profissional, não podia ser diferente.
Mas abri outra.
Conversei abertamente sobre a adicção, sobre a história de vida dele (pessoal e profissional que já conhecia) e fiz um paralelo entre as duas.
Não o julguei e nem o condenei e nem me compete isso.
Apenas apontei o caminho que ele está, e os caminhos que ele pode escolher.
Apresentei a programação dos doze passos
E me coloquei a disposição (pessoal), se e quando houvesse interesse e disponibilidade

Durante essa entrevista o conflito era gritante.
A vontade era de “pegar no colo” mesmo sabendo que esse não era meu papel e nem minha responsabilidade.
Consegui me superar.
Consegui deixá-lo ir sem me sentir abandonando-o.

Foi a primeira vez que me vi praticando o desligamento com amor, da forma como tenho lido esses anos todos.
Ficou um “pesar” de culpa – de “podia ter feito algo” (mesmo sabendo que não cabe)
Mas, ao mesmo tempo, ficou o alívio de que “essa responsabilidade não é minha”.

Nesse dia, fiquei meio esvaziada, sem energia.
Mas uma boa noite de sono, e acordei bem!!

E continuo bem, só por hoje!

sábado, 12 de abril de 2014

12 coisas que preciso


Aprendi com a programação e com o passo quatro a trazer as coisas para mim (na primeira pessoa)

Aqui, eu usei a matéria “15 coisas que você precisa abandonar para ser feliz” do site: http://thesecret.tv.br/2013/08/15-coisas-que-voce-precisa-abandonar-para-ser-feliz/#at_pco=smlwn-1.0&at_tot=1&at_ab=per-undefined&at_pos=0

A matéria me agradou, por isso, fiz uma adaptação em 12 itens, colocando-os para mim.

1. Preciso desistir dessa minha necessidade de estar sempre certa.
É insuportável a idéia de estar errada. Querer ter sempre razão é muito bom. Mas corro o risco de acabar com os meus relacionamentos ou causar estresse e dor, para mim e para os outros. E não vale a pena, mesmo.
Sempre que eu sentir essa necessidade “urgente” de começar (ou continuar) uma briga sobre quem está certo e quem está errado, devo perguntar a mim mesma:
“Eu prefiro estar certa? ou ser feliz e ficar bem?”
Que diferença fará estar certa?
Será que meu ego é mesmo tão grande assim?

2. Preciso desistir dessa minha necessidade de controle.
E para isso, preciso estar disposta a abandonar a minha necessidade de estar sempre no controle de tudo o que acontece comigo e ao meu redor.
Deixar que tudo e todos sejam exatamente o que são.
Eu já experimentei isso, e sei que a sensação é ótima.
“Ao abrir mão, tudo é feito. O mundo é ganho por quem se desapega, mas é necessário você tentar e tentar. O mundo está além da vitória.” Lao Tzu

3. Preciso parar de culpar os outros, reclamar e criticar.
O que sinto ou deixo de sentir é responsabilidade minha.
Ninguém pode me deixar infeliz, nenhuma situação pode me deixar triste, a não ser que eu permita. Não é a situação que libera esses sentimentos em mim, mas como escolho encará-la.
As coisas, eventos ou pessoas podem ser diferentes de mim.
Nós somos todos diferentes e, ainda assim, somos todos iguais.

4. Preciso abandonar os pensamentos autodestrutivos e as crenças limitadoras
Sobre quem posso ou não ser, sobre o que é possível e o que é impossível.
Não devo acreditar em tudo o que a minha mente está me dizendo – especialmente, se é algo pessimista. Eu sou melhor do que isso.
Não devo permitir que minhas crenças restritivas me deixem empacada no lugar errado.
Tenho que abrir as asas e voar!

5. Preciso aprender não ter necessidade de impressionar os outros.
Devo ser gentil, ter paciência e tolerância. Mas devo ser quem sou. Tentar ser algo o que não sou não vai me deixar bem e não funciona dessa maneira.
No momento em que paro de tentar ser o que não sou, que tiro todas as máscaras e aceito quem realmente sou, descubro que as pessoas são atraídas por mim – sem esforço algum.

6. Preciso abrir mão de resistir à mudança
Mudar é bom. É o que vai me ajudar a dar passos e ir de um ponto a outro.
Mudar pode melhorar a minha vida e também as vidas de quem vive ao meu redor.
Devo seguir a felicidade e abraçar a mudança – sem resistências.

7. Preciso esquecer os rótulos. 
Parar de rotular pessoas, coisas e situações que não entendo como se fossem esquisitas ou diferentes.
Isso é o manter a mente sempre aberta.
“A mais extrema forma da ignorância é quando você rejeita algo sobre o que você não sabe nada” Wayne Dyer

8. Preciso abandonar os meus medos
Quando tenho a fé num Poder Superior, não preciso ter medo...
O medo usa muitos disfarces. Pode estar por trás da fachada de desprezo silencioso, da recusa passiva ou de um estado meio morto de insensibilidade.
Posso envolver-me no manto do medo e dizer Não.
“Não, eu não irei”, “Não, eu não tenho nada a dizer”, “Não, eu não posso fazer isso”.
Posso permanecer trancada, ou posso entrar em ação.
“... Devo fazer aquilo que penso que não posso fazer.” Eleanor Roosevelt

9. Preciso desistir de todas as desculpas
Não preciso delas. Muitas vezes nos limitamos por causa das muitas desculpas que usamos. Ao invés de crescer e trabalhar para melhorar a nós mesmos e nossas vidas, ficamos presos, mentindo para nós mesmos, usando todo tipo de desculpas – desculpas que, na maioria das vezes, nem são reais.

10. Preciso deixar o passado no passado
Tenho que levar em consideração o fato de que o presente é tudo que tenho.
Preciso estar presente em tudo que faço e aproveitar a vida, um dia de cada vez.
Viver o dia de hoje, sempre. Só por hoje.

11. Preciso desapegar do apego
É muito difícil, mas não impossível.
Com o desapego, melhoro a cada dia. E isso requer tempo e prática.
Mas não significa desistir do meu amor pelas coisas ou pessoas. – afinal, o amor e o apego não têm nada a ver um com o outro; o apego tem relação com o medo, enquanto o amor… (bem, o verdadeiro amor é puro, gentil e altruísta, onde há amor não pode haver medo e, por causa disso, o apego e o amor não podem coexistir),
O resultado é a calma, tolerância e serenidade. Um estado que é possível compreender todas as coisas, sem sequer tentar. Um estado além das palavras.

12. Preciso viver a minha vida segundo as minhas próprias expectativas
Não preciso viver a minha vida de acordo com o que outras pessoas pensam ou esperam.
Preciso ouvir mais a minha voz interior, minhas intuições e manter o equilíbrio sobre minhas emoções e minha própria vida
A vida é minha. Eu a tenho – e é agora –













sábado, 1 de março de 2014

Ausência de expectativas, aceitação ou conformismo?


No incio desta semana o termo conformismo esbarrou no meu pensamento.
Daí fiquei pensando se seria algo negativo, e qual a a diferença entre aceitação e ausência de expectativas.

Já falei aqui no blog, diversas vezes, sobre o fato de que viver só por hoje e, um dia de cada vez, nao tendo expectativas, seria um dos ingredientes para se manter bem. Eu leio, falo sobre isso e concordo... mas não quer dizer que eu consiga sempre.

Em julho publiquei uma postagem sobre Aceitação (http://umpasso-decadavez.blogspot.com.br/2013/07/aceitacao.html) e lá eu digo que é diferente de aprovação, pois não se trata de concordar ou ser cúmplice. Aceitação, em doze passos,  é reconhecer que somos incapazes de modificar aquilo que está fora de nossa alçada e concluo que é uma condição de respeito (ao outro).

E por fim, conformismo de acordo com o dicionário, tem como sinônimo: acomodação, comodismo, resignação.

Então, se pensarmos superficialmente sobre estas três questões poderíamos pensar que se tratam da mesma coisa. Mas não é, né?

A linha entre elas é bem tênue.

Aqui, de acordo com o que pesquisei, a ausência de expectativa e a aceitação são atitudes positivas, enquanto o conformismo, de certa forma, é negativo.

O fato de não criar expectativas com o objetivo de evitar frustrações, assim como o fato de Aceitar o outro como ele é, nao significa que eu deva me conformar e me acomodar em alguma situação. 

Por isso, devo viver um dia de cada vez sem criar expectativas, devo amar e aceitar o outro como ele é, mas posso modificar a mim mesma, os meus sentimentos e até a minha jornada. 

E penso que uma demonstração disso pode ser traduzido em desapego, desligamento com amor.

E confesso, é muito, mas muito difícil.


sábado, 23 de novembro de 2013

O Olhar...

A expressão do rosto diz muito.
Mas é o olhar que diz tudo.

É como se pudéssemos enxergar a alma do outro...
Como se fosse possível materializar os sentimentos.

Os lábios podem sorrir, mas é o olhar que mostra se há alegria.

O desconforto de se conseguir enxergar esse olhar...
É perceber uma espécie de nuvem pairando

E mais desconfortável ainda, é saber que nada podemos fazer...

E o que fica é o vazio da impotência

Porque essa nebulosidade toda é muito pessoal.

E somente, cada um, deve descobrir a forma (ou a fórmula) de clarificar isso.

Alguns se mantêm por muito tempo nesse nevoeiro
Outros trocam o nevoeiro pela poeira.

Mas é cada um que sabe o seu tempo...
E nem sempre é o mesmo tempo que o nosso.

E mesmo querendo, não conseguimos ser Deus...
Pois somente cada um pode, com ajuda Dele, encontrar ou mudar o caminho.

E eu... na minha mais insignificância impotência humana, nada posso fazer...

Além de viver e deixar viver.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Recuperação






No vídeo uso a canção "Combustível" de Ana Carolina.
Desde a primeira vez que ouvi esta canção, ainda nem sabia que seria tema da novela Amor à Vida, parei na composição. E ouvi. E ouvi.
E o que me veio a mente, é que parecia uma partilha positiva de uma pessoa em recuperação da codependência..
Queria muito falar disso aqui no blog.
E queria muito incluir um vídeo.
Aproveitei para treinar minhas habilidades e fiquei uma semana aprendendo a montagem.
Colei fotos que traduziam o que eu sentia em cada momento da canção. E descrevi em cada uma delas, a representação da recuperação em cada fala.
É meu primeiro trabalho assim. Sou uma amadora ainda. Mas espero que gostem.

Beijoooo




sexta-feira, 26 de julho de 2013

Par ou Impar

Quando penso em mim e em um Par, primeiramente me vem o sentido como um ser Ímpar.

Impar como único, singular, “que não tem igual”.

E na matemática, todo e qualquer número ímpar em sua soma, terá um resultado par.

Se em nossa essência somos únicos e na matemática toda soma de ímpares nós dá um resultado em pares, poderíamos concluir que é muito simples formarmos Pares.

Eis a questão – por que não é?

Somos, cada um de nós, ímpares, seres que pode tomar qualquer decisão, qualquer caminho a seguir, às vezes certo, outras vezes não. As personalidades são ímpares, cada um com seus hábitos, perspectivas e desejos. O que Deus colocou no homem é o que o torna assim, mas esse estranho ímpar é o que leva o homem a ser responsável por suas atitudes, ser individual.

Será que no egocentrismo de nossa singularidade, não nos damos conta da soma com outra singularidade que resultaria em um par?

Ou será que estamos querendo sempre mais?...

O fato, é que os pares humanos não são da mesma simplicidade que os pares matemáticos.

E que se temos 1 + 1 = 2, o mesmo não se aplica a [um ser + um ser = um par]. Pois em nossa individualidade, [um ser + um ser = dois seres] que deveria ser um par, mas não necessariamente o é. Porque cada ser continuará tendo a sua singularidade e isso, talvez seja o mais complexo de se compreender.

Então... falar de relações humanas, não é tão simples ou lógico como falar de matemática.
Somos humanos e somos impares, e por isso, complexos.
E uma das formas de minimizarmos essa complexidade toda seria nos atentarmos a essência do amor (em sua forma mais sublime)

E uma das maneiras que vejo nessa prática é o fato de ter aprendido a respeitar o meu próprio espaço sem invadir o espaço do outro.

E se consigo amar, e deixar ir, consigo manter a minha unicidade e a do outro.
Consigo amar de forma impar, mesmo sem formar o par.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Perdoar... Esquecer?

Precisamos nos treinar a não nos sentirmos culpados. E também não culpar.
Somos muito humanos. Isso é tudo.

Quando alguém faz coisas que nos machucam, existe todo um contexto. Não justifica. No entanto, nós só precisamos nos ocupar com a forma com que recebemos essa dor. É tudo que nos compete.

O que está feito está feito. E se não podemos voltar a viver tudo novamente para mudar isso, só podemos consertar as coisas dentro de nós, coisas que realmente podem ser melhoradas para a nossa própria saúde e bem-estar.

Todos nós passamos por experiências ruins.
Podemos nos sentir idiotas, podemos sentir raiva e podemos chorar durante todo o dia...
Mas nada acontecerá que nos faça voltar no tempo.

Nós vivemos o aqui e agora e esse é o momento mais importante para nossa reforma pessoal, para nos tornarmos melhores.
Para isso, é importante treinar e praticar sempre o desapego.

Tentamos passar para o outro, as coisas boas da vida, de acordo com nosso ponto de vista. Mas o outro tem e faz suas escolhas. E nós, temos que respeitar e nos ocuparmos em construir a nossa própria segurança para que o outro não nos roube a nossa serenidade.

Não é fácil, mas em vez de lutar contra o outro, temos que tentar (re) construir a nossa própria vida.
Pois, a meu ver, é melhor viver intensamente o presente olhando para frente do que lutar contra a história.

E assim vou seguindo. Tenho melhorado um pouco, mas o processo é lento.
Sei que preciso ter paciência e entregar ao Poder Superior.

A vida vai acontecendo... e é a forma como nós respondemos a ela que importa.
Quando falo no meu Poder Superior, me refiro a Deus, mas acredito que qualquer pessoa pode ter uma recuperação sem acreditar em Deus, contanto que não pense e não tente controlar tudo.

Mas quer gostemos ou não, se precisamos de recuperação, precisamos!
Só temos que aprender a aceitar a vida como ela é e não como gostaríamos que tivesse sido, ou deveria ser.
Quando fazemos isso, ganhamos paz e serenidade e tomamos as melhores decisões com base em princípios sólidos, compreensão, consciência e compaixão.


E é com base nessa prática, um dia de cada vez, que conseguimos perdoar e desligar-se da mágoa. Não necessariamente esquecer!

domingo, 14 de abril de 2013

Desligamento


Como distanciar-se e desligar-se daquele que se ama?

Essa é uma das maiores dificuldades de uma mãe/pai, marido/mulher, irmão/Irma – na relação com uma pessoa vítima da adicção.

Desapego requer prática. Precisa-se apenas continuar tentando. É tudo o que se pode fazer.
Eu sei, é muito mais fácil dizer do que fazer!
Manter a distância emocional e não esperar nada, na maioria das vezes é simplesmente muito difícil.

Não se pode simplesmente ligar e desligar o corpo. É necessário ajustar com o tempo e a experiência.

O desapego não pode ser falsificado.
Isso acontece lentamente, à medida que se aprende mais e mais sobre como ser impotente diante de qualquer pessoa ou situação externa a nós mesmos.
Acontece quando se obtém maior serenidade em nossas próprias vidas.
Quando se reconhece que não estamos ligados simbioticamente a ninguém e a nada.
Trata-se de reconhecer o direito do outro de tomar suas próprias decisões, quer gostemos ou não.
O desapego se faz quando se compreende plenamente que nossas obsessões estão nos prejudicando.

Não se trata de não se importar. Trata-se apenas de ter consciência que não se pode controlar o que os outros fazem.
Pois Tentar mudar alguém é um exercício extremamente frustrante e exaustivo.
Com o desligamento aprendemos a cuidar de nós mesmos em primeiro lugar, assim podemos ter uma visão melhor sobre o que podemos e o que não podemos fazer.
Não é que nós não podemos fazer nada, é que tentar empurrar as coisas, não funciona.

É irônico, mas amar qualquer pessoa envolve permitir que esta pessoa cometa seus próprios erros e assuma a responsabilidade por eles. 
Se o outro decide por destruir-se, não podemos deixar que isso nos destrua. E eu sei, é difícil de assistir.
Isso não significa que nós aprovamos, significa apenas que nós entendemos que o outro pode não saber como fazer algo diferente do que está fazendo.

Cada um tem de trilhar seu próprio caminho.
Pisar no caminho do outro, tentar pegá-lo ou levá-lo no colo, é inútil para ambos.
O outro precisa experimentar a dor dos seus atos - assim como nós.
A questão é que não podemos ajudar alguém que não está pronto para ajudar a si mesmo.
E manter em mente os 3 C's é fundamental nessa prática - Eu não Causei, não posso Controlar e não posso Curar.
Perceber-se impotente sem sentir-se desamparado.

O programa doze Passos é uma programação individual para cada um de nós, e não para o outro.
O passo dois fala sobre acreditar que um poder maior do que eu possa restaurar-me à sanidade. Não a do outro, mas a minha.
Por isso, devemos colocar-nos, nós mesmos e o outro, aos cuidados de algo maior que todos nós.
Esses três primeiros passos mantém nossa sanidade.
E assim, aprendemos a lidar com a dificuldade e a cuidar de nossa própria vida.
E aprendemos que o outro tem o direito de fazer suas próprias escolhas. Porque é a sua decisão, não a nossa.
.
E essas são apenas algumas idéias de como o desligamento acontece, em minha opinião.
E como diz nossa programação, pegue o que for importante, e deixe o resto.

quarta-feira, 27 de março de 2013

O Príncipe e o Sapo


Ouvi uma história que me impressionou, e fiquei dias pensando nela.
Resolvi editá-la em forma de parábola, usando os nomes fictícios João e Maria, em respeito à tradição do anonimato.

Maria contou...

... Que alguns anos atrás, conhecera um homem. Ele era simples e comum, pois no primeiro momento, nada de especial podia ser visto nele. Aos poucos, no dia-a-dia da convivência passou a vê-lo como um príncipe que, em tudo, se mostrava nobre e belo.

Depois de algum tempo, Maria percebeu um fato estranho: - João simplesmente desaparecia de vez em quando. E mais algum tempo depois, soube o motivo: - Ele era adicto. E o seu desaparecimento indicava que tivera uma recaída no uso.

Maria conta que, nesse início, não entendia muito bem o que era a adicção. Mas percebia inconscientemente que João, de príncipe, transformava-se em sapo.

Quando voltava, após seus desaparecimentos, João ainda apresentava traços de sapo. A transformação acontecia lentamente e, aos poucos, o príncipe estava lá de volta, inteiro e lindo.

Mas essa transformação acontecia também no sentido contrário.. O príncipe, de repente, mostrava sinais que indicavam que logo, muito logo, ele se tornaria um sapo novamente.
E isso aconteceu por alguns anos. Ora príncipe, ora sapo.
Maria odiava o sapo. Amava o príncipe. E ambos residiam na mesma pessoa.

Seu desejo era ter João como príncipe eternamente ao seu lado. Mas isto, não dependia dela, pois a decisão de se transformar (ou não) em sapo, cabia somente a ele.

O seu príncipe estava nos sonhos, no passado, no desejo. E o que se manifestava, cada vez mais freqüentemente, era o sapo, feio, incomunicável, irracional.

A transformação acontecia de forma progressiva, lenta e determinante.

Um dia qualquer João desapareceu. Maria sabia que era, mais uma vez, o sapo prevalecendo. O que ela não sabia é que aquela transformação seria a última.

Ele voltou sim. Mas voltou sapo. Não apresentava mais, nenhum indício de que o príncipe pudesse estar ali.
João voltara, somente para mostrar, que o príncipe tinha ficado no pântano.

Maria então abriu a porta e deixou o sapo partir.
Ela sabia que o príncipe estava lá e que estava indo junto.
Mas essa decisão, de ser príncipe ou sapo, de ficar ou ir, era só dele!!


Não vou comentar muito. Existem muitas reflexões a serem tiradas dessa história. 
Para mim, entre outras tão importantes quanto, fica:
o lema: Viva e deixe viver , 
o primeiro passo: Admitir-se impotente 
e uma reflexão sobre “desapego” 

Beijos e um feriado cheio de chocolates!! Feliz Páscoa!!

sábado, 5 de janeiro de 2013

DESAPEGO

raroevoce.blogspot.com

Resolvi iniciar o ano falando de desapego. 
Porque considero o desapego um sentimento muito difícil de ser compreendido e de ser praticado. 
Às vezes, é confundido com egoísmo, individualismo, desinteresse... por quem está de fora, e por quem está envolvido e, inclusive, por nós mesmos.
Uma das definições do dicionário é justamente: “desinteresse e indiferença”
Por isso digo, é necessário compreender o seu significado, de acordo com a literatura dos 12 passos, considerando os 12 lemas e as 12 tradições.
É muito importante e necessário compreende-lo e treinar a sua prática.
O desapego é uma atitude que se aprende, simplesmente, a partir de muito treino.

A definição de DESAPEGO – pelo olhar dos 12 passos:

_Capacidade de permitir que as pessoas, lugares ou coisas tenham a liberdade de serem eles mesmos.
_É se segurar da necessidade de resgatar, salvar ou corrigir outra pessoa de estar doente, disfuncional, ou irracional. Dando a essa outra pessoa o espaço para ser ela mesma.
_Disposição de aceitar que você não pode mudar ou controlar uma pessoa, lugar ou coisa.
_Desenvolvimento e manutenção de uma distância segura e emocional  - de alguém que você já deu um monte de poder de afetar a sua visão sobre a vida emocional.
_Estabelecimento de limites emocionais entre você e as pessoas que tornaram excessivamente enredadas ou dependentes, a fim de que todos  possam ser capazes de desenvolver seu próprio senso de autonomia e independência.
_Processo pelo qual você é livre para sentir seus próprios sentimentos quando você vê outra pessoa vacilar e falhar e não ser liderado por culpa de se sentir responsável por sua falha ou vacilo.
_Capacidade de manter um vínculo emocional de amor, preocupação e carinho, sem os resultados negativos de resgate, fixação ou controle.
_Colocação de todas as coisas na vida em uma perspectiva saudável, racional e reconhecendo que há uma necessidade de se afastar da realidade incontrolável ​​e imutável da vida.
_Capacidade de exercer auto proteção emocional e prevenção para não experimentar devastação emocional e se manter em um ponto razoável e racional.
_Capacidade de deixar as pessoas que você ama.
_Cuidar de aceitar a responsabilidade pessoal por seus próprios atos.
_Praticar o amor sem ceder a um pedido de salvação, quando suas ações levam a falhas ou problemas para eles.
_Capacidade de permitir que as pessoas sejam quem "realmente são'' em vez de que você querer que elas sejam o que você quer.
_Capacidade de evitar ser ferido, abusado e em desvantagem, tomado  por pessoas que, no passado, foram excessivamente dependente ou enredadas com você.

Definição traduzida com adaptações do texto original dos autores:  James J. Messina, Ph.D. Constance M. & Messina, Ph.D. copiado com permissão dos autores e http://www.coping.org/


domingo, 2 de dezembro de 2012

Pelo amor ou... pela dor!


Simplesmente incrível como alguns acontecimentos ocorrem em nossa vida.
Semana passada eu estava naquele período feminino extremamente sensível. E estava muito, mas muito triste. Nesses períodos que não temos como justificar motivos, simplesmente ficamos.

E movida por este sentimento de tristeza, comecei a me questionar sobre continuar indo ou não ao grupo.
Inicialmente, procuramos o grupo por termos um motivo – uma adicção próxima.
Mas depois, descobrimos que continuamos voltando por nós mesmos, porque nos faz bem em todos os sentidos.

Na última terça, pensava – se para ingressar no grupo, tenho que ser amiga ou parente de um adicto... por que devo continuar indo, se não tenho mais esse pré-requisito???

O fato, é que fiquei tão angustiada com esse pensamento, que acelerei meus movimentos e me prontifiquei a ir, mais cedo que o normal.

E foi incrível!
A primeira leitura foi o de 27 de novembro do CEFE (essa data, por si só, já tem um significado todo especial). Essa leitura narra o depoimento de como um membro foi “tocado” a ir pela primeira vez ao grupo. Tirando alguns poucos detalhes, era minha história. Era a história de “ser movida pelo Poder Superior”. Parecia um reforço na minha lembrança do porque procurei o Naranon.

Partilhei sobre meus sentimentos sobre sentir-me um peixe fora d’agua no grupo. E tive respostas sobre isso.

A segunda leitura – do Livreto Historias de Recuperação – “Criticas”- me fez chorar pela primeira vez, no grupo. E pela primeira vez, senti que falei com a alma.
O texto discorre sobre o significado do ato de criticar relacionado ao fato de estarmos evitando entrar em contato conosco.

Senti uma dor imensa ao mergulhar em minhas lembranças.
Lembrei que se eu tivesse conseguido apenas “amar” e “desligar a pessoa da doença” muitas das criticas e atitudes que tive, não teriam acontecido.
E partilhei, que meu ato de criticar, nada mais era que uma forma de extravasar a raiva que eu sentia por tudo que acontecia. A intenção da crítica era transferir p/ o outro o quanto pequena eu me sentia. Mas eu conclui, nesse dia, que fazendo isso, alem de conseguir diminuir o outro, eu conseguia apenas diminuir a mim mesma...

Nesse dia, estavam seis recém-chegados. Eu olhei para cada um deles e disse: É importante aprender a amar e se desligar com amor, pois corremos o risco de descobrir, tarde demais, o quanto amamos essa pessoa, independente de sua doença.

Voltei para casa chorando.
Sabia que mais uma vez, tinha voltado ao grupo, movida pelo poder superior.
E voltei consciente, que aquele meu sentimento de tristeza, de questionar ir ou não ao grupo, tinha apenas um significado –

domeumundoparticular.blogspot.com
Eu precisava daquela reunião porque estava elaborando a perda.
E estava de luto.
E consciente que, mais uma vez, deixei de aprender pelo amor, para aprender com a dor.

E assim, dando um passo de cada vez, vou descobrindo minhas coisas, e vou aprendendo a lidar com elas... com amor... e com a dor...

e vivendo... um dia de cada vez...

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Carta aberta para um adolescente - II

Em 17 de dezembro de 1986 - as 16:55hs 
Eu só tinha 19 anos.
E escrevi essa carta para o mesmo adolescente referido no outro post.
Eu ainda não sabia de seu envolvimento com drogas... tive certeza um mês depois.
Mas algo me incomodava. 
E eu por amá-lo, queria arrancar esse incomodo (que era meu). 
Hoje sei que isso se traduz em:

  • "querer modificar o outro", 
  • "não deixar o outro fazer suas escolhas".


Eis...
Especialmente para um amigo...

Nada lhe importa?
Qual o significado desse sorriso
onde não há alegria? 
_ só frieza
O que diz esse olhar cheio de mistérios
_ onde só vejo tristeza.

Quero ser sua amiga
Por que me proíbe?
Mantém-se o tempo todo
num mundo indiferente, distante
Levanta muralhas ao seu redor
impedindo a minha passagem

Queria eu, quebrar essa muralha
para chegar até você
Queria eu, mostrar-lhe 
que, no fundo das coisas más encontra-se algo de bom
Queria eu, mostrar-lhe 
que no mais triste dos sorrisos encontra-se um fundo de alegria
e que, por mais só que você pense estar
alguém te observa bem próximo
Alguém que te Adora!!


Era assim que eu o via - triste - isolado - solitário  
e eu queria, de toda forma, tirar isso dele. 
Todo o meu amor. 
Todo o meu carinho.
E toda a minha preocupação. 
Nada disso resolveu.
Ele não me ouviu.
Não se modificou.
E continuou, cada vez mais, mergulhado no sub mundo das drogas.
e, por isso, veio a falecer em 1995 - com 20 e poucos anos.
Nessa época, eu já tinha desistido dele.
Soube de sua morte distante.
Sofri de longe.

Cada um de nós temos o poder e o livre arbítrio de fazer nossas próprias escolhas e seguir nossos caminhos.
O fato de amarmos alguém, não nos dá o direito de querer modificá-lo.
Ele, fez a escolha dele. Não está mais, entre nós.
Eu, fiz a minha. E fiquei distante dele.

Hoje... só tenho a recordação de como ele era bom.
E continuo não compreendendo o que faz uma pessoa fazer uma escolha dessa natureza.

Hoje eu sei "que só posso modificar a mim mesma. Aos outros, eu só posso amar."