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quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Encerrando 2015

Mais um ano se encerra...
Foi muito rápido. Muitas coisas aconteceram na minha vida, entre eles, a realização de  um sonho profissional.

Mas o que quero registrar nesta postagem é de uma preciosidade sem tamanho.
Em 2014 postei “Diante de um adicto”, se não se lembram do conteúdo, acessem esse link: Diante de um Adicto 
E desde então, não tive mais noticias dessa pessoa.
No inicio deste mês, fui presenteada por vê-lo novamente.

E teve um trecho nessa postagem que escrevi que eu fechei uma porta pra ele (profissional) e abri outra (reflexão pessoal) 
Mas nunca tive um retorno disso.

No dia 5 deste mês, nesse reencontro, eu nem o reconheci. Ele estava diferente, sóbrio, gordo, saudável. Ele me reconheceu e me abraçou.
Nossa... Foi inacreditável. Ouvi que ele estava bem, no mesmo trabalho há mais de um ano. E me agradeceu dizendo que eu havia mudado sua vida. Ele nem precisava me dizer, quando soube que era ele, já tinha percebido.
Ganhei o ano.
Saber que essa porta que eu abri, teve o efeito positivo, foi tudo!

Muito feliz por partilhar essa linda notícia.


Encerro aqui o ano de 2015 com desejos de paz e serenidade para todos. E que em 2016 possamos crescer, alcançar nossos objetivos sem deixar de viver um dia de cada vez.

sábado, 24 de maio de 2014

Diante de um adicto

Depois de alguns anos, “afastada” da realidade e convivência com a adicção, passei por uma experiência que, embora tenha me abalado, também mostrou que estou evoluindo na prática do desligamento.

Aconteceu no âmbito de trabalho.
Tive que lidar com uma situação de delito, ocorrida nas dependências de um cliente por um funcionário recém-contratado e em experiência.
Nesses vintes dias, até ocorrer o episódio, já tinham acontecido diversas situações de atraso e escassez de dinheiro.

Comportamentos um tanto quanto “estranhos” para um período de experiência que, somados a aparência e estado físico demonstravam claramente que havia algo errado.

Era um candidato promissor! Possuía todas as qualidades esperadas para o perfil – e essa expectativa velava os indicadores negativos.

Enfim, o episódio veio à tona. As cenas estavam gravadas e com elas as cortinas se abriram.
Estava lá eu, diante de um adicto, recém contratado e que tinha tudo para continuar na empresa.

Primeiro passo – liguei para o cliente para esclarecer e amenizar o episódio.
Em paralelo, todas as ações para localizar o envolvido.
O cliente surpreendeu a todos. Manteve as coisas separadas o que não afetou em nossas relações comerciais e ainda “deu uma lição de vida” para o nosso envolvido.

Segundo passo – resolver a relação do envolvido com a empresa.

A primeira parte era complicada por envolver relações com terceiros e aspectos financeiros. Mas era racional. Bastava usar de inteligência, comunicação, busca da compreensão (e fui muito felizarda) e assim, tudo se resolveu.

Esta segunda parte dependia de um equilíbrio entre o racional e o emocional.
E foi um teste para mim.

Desliguei o funcionário, sem abrir mão da entrevista de desligamento.
Fechei uma porta para ele – no meu papel profissional, não podia ser diferente.
Mas abri outra.
Conversei abertamente sobre a adicção, sobre a história de vida dele (pessoal e profissional que já conhecia) e fiz um paralelo entre as duas.
Não o julguei e nem o condenei e nem me compete isso.
Apenas apontei o caminho que ele está, e os caminhos que ele pode escolher.
Apresentei a programação dos doze passos
E me coloquei a disposição (pessoal), se e quando houvesse interesse e disponibilidade

Durante essa entrevista o conflito era gritante.
A vontade era de “pegar no colo” mesmo sabendo que esse não era meu papel e nem minha responsabilidade.
Consegui me superar.
Consegui deixá-lo ir sem me sentir abandonando-o.

Foi a primeira vez que me vi praticando o desligamento com amor, da forma como tenho lido esses anos todos.
Ficou um “pesar” de culpa – de “podia ter feito algo” (mesmo sabendo que não cabe)
Mas, ao mesmo tempo, ficou o alívio de que “essa responsabilidade não é minha”.

Nesse dia, fiquei meio esvaziada, sem energia.
Mas uma boa noite de sono, e acordei bem!!

E continuo bem, só por hoje!

domingo, 2 de dezembro de 2012

Pelo amor ou... pela dor!


Simplesmente incrível como alguns acontecimentos ocorrem em nossa vida.
Semana passada eu estava naquele período feminino extremamente sensível. E estava muito, mas muito triste. Nesses períodos que não temos como justificar motivos, simplesmente ficamos.

E movida por este sentimento de tristeza, comecei a me questionar sobre continuar indo ou não ao grupo.
Inicialmente, procuramos o grupo por termos um motivo – uma adicção próxima.
Mas depois, descobrimos que continuamos voltando por nós mesmos, porque nos faz bem em todos os sentidos.

Na última terça, pensava – se para ingressar no grupo, tenho que ser amiga ou parente de um adicto... por que devo continuar indo, se não tenho mais esse pré-requisito???

O fato, é que fiquei tão angustiada com esse pensamento, que acelerei meus movimentos e me prontifiquei a ir, mais cedo que o normal.

E foi incrível!
A primeira leitura foi o de 27 de novembro do CEFE (essa data, por si só, já tem um significado todo especial). Essa leitura narra o depoimento de como um membro foi “tocado” a ir pela primeira vez ao grupo. Tirando alguns poucos detalhes, era minha história. Era a história de “ser movida pelo Poder Superior”. Parecia um reforço na minha lembrança do porque procurei o Naranon.

Partilhei sobre meus sentimentos sobre sentir-me um peixe fora d’agua no grupo. E tive respostas sobre isso.

A segunda leitura – do Livreto Historias de Recuperação – “Criticas”- me fez chorar pela primeira vez, no grupo. E pela primeira vez, senti que falei com a alma.
O texto discorre sobre o significado do ato de criticar relacionado ao fato de estarmos evitando entrar em contato conosco.

Senti uma dor imensa ao mergulhar em minhas lembranças.
Lembrei que se eu tivesse conseguido apenas “amar” e “desligar a pessoa da doença” muitas das criticas e atitudes que tive, não teriam acontecido.
E partilhei, que meu ato de criticar, nada mais era que uma forma de extravasar a raiva que eu sentia por tudo que acontecia. A intenção da crítica era transferir p/ o outro o quanto pequena eu me sentia. Mas eu conclui, nesse dia, que fazendo isso, alem de conseguir diminuir o outro, eu conseguia apenas diminuir a mim mesma...

Nesse dia, estavam seis recém-chegados. Eu olhei para cada um deles e disse: É importante aprender a amar e se desligar com amor, pois corremos o risco de descobrir, tarde demais, o quanto amamos essa pessoa, independente de sua doença.

Voltei para casa chorando.
Sabia que mais uma vez, tinha voltado ao grupo, movida pelo poder superior.
E voltei consciente, que aquele meu sentimento de tristeza, de questionar ir ou não ao grupo, tinha apenas um significado –

domeumundoparticular.blogspot.com
Eu precisava daquela reunião porque estava elaborando a perda.
E estava de luto.
E consciente que, mais uma vez, deixei de aprender pelo amor, para aprender com a dor.

E assim, dando um passo de cada vez, vou descobrindo minhas coisas, e vou aprendendo a lidar com elas... com amor... e com a dor...

e vivendo... um dia de cada vez...

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Carta aberta para um adolescente - II

Em 17 de dezembro de 1986 - as 16:55hs 
Eu só tinha 19 anos.
E escrevi essa carta para o mesmo adolescente referido no outro post.
Eu ainda não sabia de seu envolvimento com drogas... tive certeza um mês depois.
Mas algo me incomodava. 
E eu por amá-lo, queria arrancar esse incomodo (que era meu). 
Hoje sei que isso se traduz em:

  • "querer modificar o outro", 
  • "não deixar o outro fazer suas escolhas".


Eis...
Especialmente para um amigo...

Nada lhe importa?
Qual o significado desse sorriso
onde não há alegria? 
_ só frieza
O que diz esse olhar cheio de mistérios
_ onde só vejo tristeza.

Quero ser sua amiga
Por que me proíbe?
Mantém-se o tempo todo
num mundo indiferente, distante
Levanta muralhas ao seu redor
impedindo a minha passagem

Queria eu, quebrar essa muralha
para chegar até você
Queria eu, mostrar-lhe 
que, no fundo das coisas más encontra-se algo de bom
Queria eu, mostrar-lhe 
que no mais triste dos sorrisos encontra-se um fundo de alegria
e que, por mais só que você pense estar
alguém te observa bem próximo
Alguém que te Adora!!


Era assim que eu o via - triste - isolado - solitário  
e eu queria, de toda forma, tirar isso dele. 
Todo o meu amor. 
Todo o meu carinho.
E toda a minha preocupação. 
Nada disso resolveu.
Ele não me ouviu.
Não se modificou.
E continuou, cada vez mais, mergulhado no sub mundo das drogas.
e, por isso, veio a falecer em 1995 - com 20 e poucos anos.
Nessa época, eu já tinha desistido dele.
Soube de sua morte distante.
Sofri de longe.

Cada um de nós temos o poder e o livre arbítrio de fazer nossas próprias escolhas e seguir nossos caminhos.
O fato de amarmos alguém, não nos dá o direito de querer modificá-lo.
Ele, fez a escolha dele. Não está mais, entre nós.
Eu, fiz a minha. E fiquei distante dele.

Hoje... só tenho a recordação de como ele era bom.
E continuo não compreendendo o que faz uma pessoa fazer uma escolha dessa natureza.

Hoje eu sei "que só posso modificar a mim mesma. Aos outros, eu só posso amar."









segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Carta aberta para um adolescente


Ninguém usa porque gosta!
Ou por solidão, tristeza, amargura,
ou por desespero, problemas,
ou até mesmo por seguir um outro que usa

Não faz bem.
Você se acostuma com a idéia que fica feliz, mas não fica.
Você perde o seu verdadeiro "eu"
e assume um novo caráter que está longe de ser o seu.

Maltrata a si próprio e aos que o ama
Torna-se egoísta, ao procurar dessa forma, apenas a sua felicidade
esquecendo que os outros também querem ser felizes
e não o são por sua causa
porque a sua vida tem "algum" significado para "alguem"

Você perde o seu raciocínio lógico
e faz com que "esse alguém" fique atordoado.

Consegue compreender?
ou é necessário que te implorem para parar de "tentar"ser feliz
e o seja naturalmente.

Tornou-se natural ver pessoas que "tentam"ser felizes,
mas quando essas pessoas ficam próximas e deixam de ser qualquer um
torna-se difícil observar como um mero espectador.

Percebe que você não é qualquer pessoa?
Você é ALGUÉM que "tentando"ser feliz destrói a felicidade dos que o ama.
 Seja feliz! Sem "tentar". Apenas seja!

Escrita em 30/01/1987 por mim para um adolescente de 15anos (identidade preservada)
Hoje, 25 anos depois, sei que é uma pedido em vão.
Sei que a adicção é uma doença e que não se pede para um adicto mudar suas escolhas, pois além de não funcionar, tende a piorar.
Hoje eu trocaria o "tentar ser feliz" por "busca de prazer" - que na verdade, não muda o sentido do que eu pretendia dizer.
Hoje eu sei, que aqueles que amam um adicto, se não são felizes, é porque também sofrem de uma doença - dependência emocional, co-dependência...
Hoje, conhecendo a oração da serenidade, sei que existem coisas que não posso modificar (as escolhas do outro) e outras, que posso modificar (as minhas escolhas) .
E com essa carta aberta, refletida hoje, me flagro pensando em escrever sobre o primeiro passo "admitimos que éramos impotentes..." e não quero me restringir a um grupo específico, pois ao estudar os 12 passos, percebo uma amplitude da idéias para todas as esferas da vida.
Pedro Moraes Victor Filho - Consultor em dependência - retrata bem essa amplitude em http://adroga.casadia.org/recuperacao/12_passos_na_recuperacao.htm quando diz: "Admitimos que éramos impotentes perante o álcool/ adicção/ pessoas, que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas."

Assim, fecho a iniciação do primeiro passo, interpretando a mensagem de Pedro M. V. Filho, de que somos impotentes diante de tudo que esteja fora de nós e que nosso único controle está em nós, sobre nós mesmos.