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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Carta aberta para um adolescente


Ninguém usa porque gosta!
Ou por solidão, tristeza, amargura,
ou por desespero, problemas,
ou até mesmo por seguir um outro que usa

Não faz bem.
Você se acostuma com a idéia que fica feliz, mas não fica.
Você perde o seu verdadeiro "eu"
e assume um novo caráter que está longe de ser o seu.

Maltrata a si próprio e aos que o ama
Torna-se egoísta, ao procurar dessa forma, apenas a sua felicidade
esquecendo que os outros também querem ser felizes
e não o são por sua causa
porque a sua vida tem "algum" significado para "alguem"

Você perde o seu raciocínio lógico
e faz com que "esse alguém" fique atordoado.

Consegue compreender?
ou é necessário que te implorem para parar de "tentar"ser feliz
e o seja naturalmente.

Tornou-se natural ver pessoas que "tentam"ser felizes,
mas quando essas pessoas ficam próximas e deixam de ser qualquer um
torna-se difícil observar como um mero espectador.

Percebe que você não é qualquer pessoa?
Você é ALGUÉM que "tentando"ser feliz destrói a felicidade dos que o ama.
 Seja feliz! Sem "tentar". Apenas seja!

Escrita em 30/01/1987 por mim para um adolescente de 15anos (identidade preservada)
Hoje, 25 anos depois, sei que é uma pedido em vão.
Sei que a adicção é uma doença e que não se pede para um adicto mudar suas escolhas, pois além de não funcionar, tende a piorar.
Hoje eu trocaria o "tentar ser feliz" por "busca de prazer" - que na verdade, não muda o sentido do que eu pretendia dizer.
Hoje eu sei, que aqueles que amam um adicto, se não são felizes, é porque também sofrem de uma doença - dependência emocional, co-dependência...
Hoje, conhecendo a oração da serenidade, sei que existem coisas que não posso modificar (as escolhas do outro) e outras, que posso modificar (as minhas escolhas) .
E com essa carta aberta, refletida hoje, me flagro pensando em escrever sobre o primeiro passo "admitimos que éramos impotentes..." e não quero me restringir a um grupo específico, pois ao estudar os 12 passos, percebo uma amplitude da idéias para todas as esferas da vida.
Pedro Moraes Victor Filho - Consultor em dependência - retrata bem essa amplitude em http://adroga.casadia.org/recuperacao/12_passos_na_recuperacao.htm quando diz: "Admitimos que éramos impotentes perante o álcool/ adicção/ pessoas, que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas."

Assim, fecho a iniciação do primeiro passo, interpretando a mensagem de Pedro M. V. Filho, de que somos impotentes diante de tudo que esteja fora de nós e que nosso único controle está em nós, sobre nós mesmos.




quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O Primeiro Passo e a Fé

Antes de frequentar o grupo de 12 passos, eu não frequentava nenhum tipo de grupo religioso. Mas quando perguntavam para mim, se eu tinha fé. Eu respondia que "acreditava em Deus".

Nas reuniões dos 12 passos, passei a ter um contato diferente comigo mesma e com a minha fé.
Percebi que o que eu achava que era fé, era somente um mero pensamento superficial de acreditar em uma força superior, sem me envolver diretamente com aquele sentimento.

Ao me deparar com o primeiro passo: "Admitimos que somos impotentes..." percebia em mim, inicialmente, uma sensação de desconforto. Era muito ruim admitir ser impotente.

Mas depois, lendo, ouvindo partilhas, refletindo... comecei a ter uma sensação de alívio. Porque ao admitir que sou impotente diante das pessoas, das coisas... , e ao mesmo tempo, exercitando minha fé e acreditando em um poder superior, eu estou transferindo para esse Poder Superior, uma responsabilidade que eu tinha como minha.

Dessa forma, a sensação que inicialmente era de desconforto, passa a ser de alívio. Porque me conscientizo que nem tudo está sob meu controle. e que essa tarefa, de ser responsável por tudo não é minha.

Preciso me lembrar, todos os dias, que não sou Deus,
preciso me lembrar, todos os dias, que sou impotente e que não tenho o controle das coisas nas minhas mãos,
Preciso me lembrar que só tenho o controle sobre mim mesma (e olhe lá... rs)!

Preciso! Porque o resultado dessa consciência é o alívio.
É uma relação direta com Deus! E essa, é a verdadeira fé!
O sentimento de que comando a minha vida, sob a proteção de um Ser Superior, e Este, cuida das outras coisas.

E assim, eu consigo dar um passo para o segundo passo: "Acreditar que um Poder Superior a mim mesma pode me devolve a sanidade" e a tranquilidade, e o alívio de viver um dia de cada vez... dando um passo de cada vez!

Obrigada!