Ouvi uma história que me impressionou, e fiquei dias pensando nela.
Resolvi editá-la em forma de parábola, usando os nomes fictícios João e
Maria, em respeito à tradição do anonimato.
Maria contou...
... Que alguns anos atrás, conhecera um homem. Ele era simples e comum,
pois no primeiro momento, nada de especial podia ser visto nele. Aos poucos, no
dia-a-dia da convivência passou a vê-lo como um príncipe que, em tudo, se
mostrava nobre e belo.
Depois de algum tempo, Maria percebeu um fato estranho: - João simplesmente
desaparecia de vez em quando. E mais algum tempo depois, soube o motivo: - Ele
era adicto. E o seu desaparecimento indicava que tivera uma recaída no uso.
Maria conta que, nesse início, não entendia muito bem o que era a adicção.
Mas percebia inconscientemente que João, de príncipe, transformava-se em sapo.
Quando voltava, após seus desaparecimentos, João ainda apresentava
traços de sapo. A transformação acontecia lentamente e, aos poucos, o príncipe
estava lá de volta, inteiro e lindo.
Mas essa transformação acontecia também no sentido contrário.. O
príncipe, de repente, mostrava sinais que indicavam que logo, muito logo, ele
se tornaria um sapo novamente.
E isso aconteceu por alguns anos. Ora príncipe, ora sapo.
Maria odiava o sapo. Amava o príncipe. E ambos residiam na mesma pessoa.
Seu desejo era ter João como príncipe eternamente ao seu lado. Mas isto,
não dependia dela, pois a decisão de se transformar (ou não) em sapo, cabia
somente a ele.
O seu príncipe estava nos sonhos, no passado, no desejo. E o que se manifestava,
cada vez mais freqüentemente, era o sapo, feio, incomunicável, irracional.
A transformação acontecia de forma progressiva, lenta e determinante.
Um dia qualquer João desapareceu. Maria sabia que era, mais uma vez, o
sapo prevalecendo. O que ela não sabia é que aquela transformação seria a
última.
Ele voltou sim. Mas voltou sapo. Não apresentava mais, nenhum indício de
que o príncipe pudesse estar ali.
João voltara, somente para mostrar, que o príncipe tinha ficado no
pântano.
Maria então abriu a porta e deixou o sapo partir.
Ela sabia que o príncipe estava lá e que estava indo junto.
Mas essa decisão, de ser príncipe ou sapo, de ficar ou ir, era só dele!!
Não vou comentar muito. Existem muitas reflexões a serem tiradas dessa
história.
Para mim, entre outras tão importantes quanto, fica:
o lema: Viva e
deixe viver ,
o primeiro passo: Admitir-se impotente
e uma reflexão sobre
“desapego”
Beijos e um feriado cheio de chocolates!! Feliz Páscoa!!