Quando falamos de situações relacionadas à programação dos doze passos
(adicção, alcoolismo, codependencia) sempre pensamos na cura ou na recuperação.
Mas o que ouvimos é que, nestas situações, não há cura, mas recuperação.
E em todas essas situações, as recaídas acontecem e, por isso, a recuperação
é permanente.
Pesquisando os termos, encontrei para “cura” Recuperação da saúde; Solução para algo.
E para “recuperação’,
Readquirir o perdido; Continuar depois de um intervalo.
in Dicionário Priberam da Língua
Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt [consultado em 16-11-2013].
Nas definições acima, poderia supor que ambas
se encaixam no que buscamos para essas situações.
A diferença, é que cura supõe solução, finalização.
E este é o problema.
Nestas situações, não há esta finalização.
Em todas elas, estaremos buscando estar bem,
um dia de cada vez.
Gostei muito da definição dada por Bernie S. Siegel,
em “Paz, Amor e Cura”:
Ele faz a distinção entre recuperação e cura – “recuperado” é o estado que abrange a existência da pessoa; “curado”
diz respeito apenas ao seu estado físico.
Mas não é só essa distinção que me agrada. Outras
falas dele são de extrema importância:
“Os pacientes querem ser vistos como pessoas.”
“A vida da pessoa vem em primeiro lugar; a doença é apenas um aspecto
dela.”
“A doença é mais do que apenas uma entidade clínica; é uma experiência e
uma metáfora, com uma mensagem que precisa ser ouvida. Muitas vezes a mensagem
nos mostra o caminho, e como nos desviamos dele...”
Por fim, todos que pertencem a uma programação
de doze passos, sofrem de uma doença, não
de um dilema moral. O problema é que estão criticamente doentes e não são
desesperadamente maus.
Abaixo, o texto não é meu, mas acredito que
pode ser aplicado a qualquer um de nós que praticamos os doze passos:
“Por que é que nos sentíamos sempre sozinhos, mesmo no meio de uma multidão?
Por que é que fizemos tantas coisas loucas e
autodestrutivas?
Por que é que passávamos o tempo a sentir-nos mal
conosco próprios?
E como é que as nossas vidas se tornaram tão
complicadas?
Nós achávamos que éramos desesperadamente maus,
ou talvez desesperadamente insanos.
Foi assim um grande alívio vermos que sofríamos
de uma doença, que podia ser tratada. E quando tratamos a nossa doença, podemos
começar a recuperar. Hoje, quando vemos sintomas da nossa doença a virem à
superfície nas nossas vidas, não precisamos nos desesperar.
Afinal de contas temos uma doença tratável, e não um dilema moral.
Podemos estar gratos por podermos recuperar da
doença através da aplicação dos Doze Passos.
Só por hoje: Estou grato por ter uma doença tratável, e não um dilema moral. Vou
continuar a aplicar o tratamento para a doença ao praticar o programa.”